Se tá bom, leva na natação
Se tá mal, leva na consulta
Na semana, leva na escola
No sábado, leva no aniversário
No verão, leva no parque
Na chuva, leva na conversa
Se precisa, leva no colo
Leva no supermercado e no restaurante
Na barriga, leva um tempão
E quando sai leva no coração
No Caleidoscópio
sexta-feira, 5 de julho de 2019
Filho a gente leva
segunda-feira, 24 de junho de 2019
Rejeição
Um dos meus principais gatilhos da ansiedade é a rejeição. Eu me sinto muito ansiosa quando acho que fui deixada de lado por qualquer motivo. Quando me sinto excluída e deslocada.
Eu sempre valorizei os meus laços e já fui muito boa em manter amigos. Um dia parei de me esforçar para não perder conexões, muitos amigos moram fisicamente longe e ainda somos próximos, então não há porque me preocupar tanto em perdê-los.
Não que essa preocupação não deva existir, demonstrar carinho por quem amamos é uma boa maneira de valorizar o outro e fortalecer as conexões, é comum ao ser humano a necessidade de se sentir incluído e receber afeto. Mas eu acho que me preocupava demais.
Era como se existisse o risco de as pessoas que eu gosto irem embora sem mais, sem despedida. Era como se um dia eu as encontrasse na rua e não houvesse o que falar, o que contar e saber.
Acredito que os laços se fortalecem e afroxam de maneira natural, de acordo com a afinidade e o momento da vida. Horas estou mais perto de algumas pessoas e em outros momentos tenho mais afinidade com outras. O que não significa que as primeiras vão sumir do meu radar ou gostar menos de mim.
Isso foi a maturidade que me ensinou, houve uma época em que mudei para um lugar novo sozinha e não tinha com quem sair e conversar, então eu deixei que pessoas que eu não tinha afinidade entrassem na minha vida, eu me esforcei para me aproximar de qualquer pessoa que estivesse disposta a me incluir em alguma parte de sua vida e foi maravilhoso.
A maioria das pessoas daquela época não ficaram na minha vida, mas ainda lembro daqueles que toparam dividir parte de suas vidas comigo, das coisas boas que me trouxeram como momentos divertidos, compania e outras visões de mundo tão diferentes das que eu trazia. Estar aberta me transformou.
Antes disso eu era de poucos amigos. Em partes porque eu sempre tive a sorte de ter bons amigos e gostava de dedicar meu pouco tempo livre a eles, em partes porque já fui muito tímida, tinha a autoestima tão baixa que achava muito difícil fazer novos amigos. Sempre me sentia inferior e desinteressante e não conseguia ser espontânea.
Ainda tenho um pouco desse desconforto, quando estou em um grupo novo ou de pouca intimidade eu fico insegura, penso que podem me julgar e não gostar de mim. Meu coração da até uma acelerada de ansiedade, a diferença é que hoje eu consigo ser espontânea mesmo não lidando bem com rejeição porque sou um pouco mais autoconfiante.
E eu também me abro para pessoas que não tenho afinidade porque sei que elas podem me trazer coisas boas, melhorei no quesito relacionamento desde a época da escola, na qual eu não tinha amigos e me sentia péssima comigo mesma. Eu estava deslocada e ainda assim não queria me relacionar com pessoas que pensava não serem tão legais. Preferia ficar sozinha.
Talvez a origem do desconforto social que me acompanhou parte da vida e deixou resquícios seja a escola, eu tinha certeza de que eu não era boa, bonita e interessante o suficiente para merecer a atenção das pessoas. Talvez esse gatilho da rejeição seja tão forte porque há parte de mim que ainda habita nessas crenças.
Mas eu era, eu era divertida, criativa e inteligente. Eu queria correr até os corredores de todas as escolas que eu estudei para me convencer de que era maravilhosa. Cantar as músicas que eu compunha, recitar as poesias que eu escrevia, falar de todo o amor que existiu, existe e existiria só pra mim. Todas as aventuras. Falar da coragem que quase nunca faltou. Das loucuras, das gargalhadas.
Pra nunca esquecer, pra nunca deixar que ninguém me faça pensar o contrário. Pra lembrar de quem eu sou mesmo se alguém que amo e admiro me diga que não sou boa o bastante, não sou forte e suficiente ou seja lá a mentira que for...foi...
Esse gatilho da rejeição fica mais fraco quando eu consigo me conectar com a minha essência e perceber em quantas mentiras acredito até hoje sobre mim mesma. Às vezes precisamos nos resgatar.
quinta-feira, 13 de junho de 2019
Relatos #compulsãoalimentar2
Percorrendo a minha história facilmente encontro situações nas quais eu me senti fracassada e não aceita, escrevi um pouco sobre isso no meu texto Medo. Superar a compulsão alimentar está diretamente ligado a reconhecer quando estamos em um abismo emocional e achar um caminho de volta para a serenidade, a parte difícil é que o único caminho de volta para a serenidade é olhar o lixo todo e inevitavelmente sentir dor, aceitar o medo, a frustração e tudo o que vier.
Uma mulher a quem admiro me disse na adolescência que se eu quisesse ofender meus oponentes em discussões bastava que eu os chamasse de frustrados, pois essa é uma ofensa certa uma vez que todos somos frustrados por um motivo ou outro. É verdade, a diferença é como lidamos com as nossas frustrações, a nossa vulnerabilidade e todas as decisões ruins que fazem parte de qualquer vida.
terça-feira, 11 de junho de 2019
Relatos #compulsãoalimentar1
Comer lanches saudáveis durante o dia, beber água e sentir prazer durante as refeições são armas contra a compulsão. É menos provável que aconteça um episódio de compulsão se não estamos sentindo fome, se estamos hidratados e se temos prazer na alimentação do dia a dia. Aprendi que não precisamos sofrer com uma alimentação restritiva ou ingerindo alimentos que não gostamos, há opções saudáveis e deliciosas e são esses alimentos que vão nos ajudar.
Aprendi com as nutricionistas que é muito mais eficaz, principalmente em casos de compulsão, acrescentar alimentos saborosos e nutritivos na dieta a restringir alimentos calóricos. Mesmo que comer pasta de amendoim com banana bem madura ou iogurte com frutas secas e castanhas (...) seja mais calórico na hora do lanche do que uma maçã, é menos provável que haja compulsão se foi prazeroso e adequado em termos de nutrientes no dia.
Podemos descobrir receitas mais saudáveis (e não necessariamente menos calóricas) para nossos pratos preferidos, aqueles que envolvem memórias afetivas e nos trazem conforto e podemos descobrir pratos de baixas calorias deliciosos para equilibrar na próxima refeição. Uma nutricionista me ensinou a me focar mais no meu corpo, nas sensações físicas, ele mesmo pede e encontra um equilíbrio em dias atípicos, se a alimentação típica tiver qualidade e for adequada.
Mesmo que a comida seja nossa aliada e pensando que por sorte não precisamos comer coisas que não nos dão prazer (comer sem prazer para quem gosta de comer é bem difícil) existe sofrimento sim envolvido em uma jornada de cura para a compulsão alimentar pois os gatilhos que levam a compulsão são gerados por stress, sentimentos ruins sobre a vida e nós mesmos para os quais precisamos olhar. Só conseguimos pausar o gatilho se olharmos para aquilo que estamos tentando evitar durante o episódio de compulsão.
Uma outra coisa legal que aprendi é que a cura não é sobre ter controle, é sobre aceitar o descontrole de algumas situações difíceis nas quais nos encontramos, aceitar a dor e o sofrimento para depois sentir paz e escolher conscientemente atitudes não destrutivas, mesmo que essas não sejam construtivas, mesmo que só reste a opção de respirar fundo e entender que não há mesmo como resolver dada situação, mas vai passar. Porque tudo passa e se transforma.
A cura é sobre lidar com frustrações e toda uma ideia que temos de nós mesmos, crenças que nos foram apresentadas durante uma vida e nunca questionamos porque tampouco as enxergamos. É sobre entender tudo que ganhamos e perdemos com a escolha de ter uma vida diferente, uma vida sem a compulsão. A cura é sobre conhecer limites e essências. Envolve dor.
quarta-feira, 21 de novembro de 2018
Passeio de hoje
Eleições
Medo
Pensava que ele estava cuidando de mim como sabia e que por eu sempre revidar os xingamentos tinha culpa compartilhada nas discussões. Hoje eu sei que fui vítima porque ele era o adulto e era mais forte do que eu. Eu não tinha qualquer condição de me defender das investidas físicas e não tinha clareza ou maturidade para encontrar a melhor maneira de me defender.
Eu perdi o medo de não conseguir me manter financeiramente, eu acredito em possibilidades infinitas e em uma rede de pessoas de bem que me cercam e amam. Hoje eu não consigo mais saber se ainda tenho algum medo desses que paralisam, talvez apenas frustrações com as quais tenho que lidar.