sábado, 15 de setembro de 2018

Entrevista

Marina chegou atrasada por causa do trânsito, estava preocupada e queria causar uma boa impressão na entrevista de emprego.

Carlos estava contratando um profissional de Relações Públicas para cuidar da imagem do seu comércio de vinhos, gostava de realizar as entrevistas em um Café próximo ao escritório porque pensava que o ambiente informal ajudava com que os candidatos ficassem confortáveis.

Marina estava tensa, não gostava de vinhos e estava exausta da rotina enlouquecedora que costumava ter como relações públicas, indo a eventos, mediando conflitos, precisando ser simpática com pessoas com as quais ela jamais simpatizaria.

Carlos considerava o currículo de Marina muito bom, ela estudou em universidades de primeira linha e tinha experiência em multinacionais varejistas e pequenos comércios. Achava Marina muito nova, ela parecia pessoalmente ainda mais jovem, estava levemente descabelada e aparentava estar nervosa.

Marina sentou na mesa que Carlos ocupava, pediu um capuccino e começou a escutar o que ele tinha a dizer a respeito das expectativas sobre o comércio de vinhos e o trabalho que o candidato contratado deveria fazer. De repente Marina pediu licença e levantou para conversar com um senhor que trabalhava no Café.

Carlos começou a ficar incomodado com a displicência da entrevistada. Então Marina voltou à mesa, se desculpou e contou a Carlos que candidatou-se para a posição de garçonete em aberto que estava no anúncio fixado na parede daquele estabelecimento, ela havia sido aceita. Eles procuravam alguém que falasse inglês, o salário era razoável e não precisaria trabalhar aos finais de semana e nem depois das 18h, explicou.

Marina saiu dizendo que o café de Carlos era por sua conta, já estava pago. Por último desejou boa sorte e andou até a porta sem olhar pra trás.