segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

30

De boas intenções o inferno ta cheio. Adoro ditados populares, já disse? Eu adoro todos, inclusive o do cavalo, aquele que a gente usa quando não vai fazer uma coisa por nada no mundo e aí manda a pessoa tirar o cavalinho da chuva. Que merda é essa de cavalinho? Ainda no diminutivo, e na chuva, coitado. Mas quem não sai na chuva não aprende a se molhar né, é o que dizem por aí. Já eu saí na chuva, me molhei, peguei pneumunia e tô querendo até agora entender que porra de chuva foi aquela já que o céu tava tão limpo. Meus pais bem que me disseram, obvio que nunca ao mesmo tempo e nunca a mesma coisa, mas enfim, o que importa é que eles avisaram que essa coisa de chuva só faria o meu cavalinho atolar. O problema é que quando eu vi já tava chovendo e ao em vez de correr pro toldinho eu paguei pra ver o sol nascer, acontece que o sol não tinha nem uma trinca na mão, além de me deixar esperando na chuva rapelou quase tudo o que eu tinha, entende? E eu fiquei olhando o horizonte a espera do sol (que tarda mais não falha) pois nada mais me ocorreu. Era uma paisagem de 30 anos recém completos. Interessante o jogo de luz e cores, o sombreado, os traços fortes e os vazados, a simetria imperfeita com cada erro de cálculo tão obvio quanto cada acerto. Então pensei que quando alguém chega aos 30 tem que fazer as coisas um pouquinho diferentes, um pouquinho melhores pra honrar a experiência de vida. E bem mais simples, como os ditados populares por exemplo. É basicamente isso que penso dos 30, que a gente sabe como viver melhor, não exatamente feliz e realizado, mas com atitudes descomplicadas, atitudes essas que todos aqueles que já se molharam e se secaram algumas vezes conseguem ter, mas que muitas vezes não colocamos em prática por falta de vontade, coragem ou dignidade. E vontade, coragem e dignidade são como a nossa bunda, cada um tem a sua, não se empresta, não se rouba e uma hora ou outra todo mundo acaba vendo se é grande ou pequena.

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