quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Fragmentos

Eu caminho na Avenida Paulista cruzando com você a todo o momento, de terno, de bigode, de regata e skate na mão, de correntes de ouro, vestindo jeans e camiseta pólo, loiro, moreno, japonês. Procuro reconhecer você fragmentado em cada indivíduo que se aproxima de mim, se reconheço, mesmo que seja um pouco, já me serve e podemos ir ao cinema ou beber um chope. Se nele muito encontrar de você posso me apaixonar insanamente. Posso escrever-lhe versos de amor para você e enviar-lhe cartas que falam de nós dois. É provável que ele me deixe por não se encaixar na minha saga apaixonada por você ou por incoerência, discrepância e falta de senso, de nexo. É provável que eu o deixe por estar sempre frustrada, continuamente decepcionada pelo engano cometido. Como posso errar tanto se procuro apenas você? Sei onde está agora, seu nome e endereço, tenho as suas chaves. Mas fantasio que vou te encontrar em outros lugares, em uma reunião de trabalho, perdido na noite, em um ônibus qualquer ou caminhando na Avenida Paulista, na direção oposta.

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