terça-feira, 5 de julho de 2011

Dramática (2009)

Fico me arrastando pela casa de pijama o dia inteiro. Me sinto dramática. O meu computador tornou-se o meu melhor amigo e eu fico sentada com ele no sofá, variando as posições para não doer as pernas ou a coluna. Procuro emprego, pesquiso mestrado, procuro a mim mesma no Google. Não acho nada.
Tenho saudades de outra versão de mim. Me sinto mais dramática ainda. Eu tenho uma versão que viveu há anos atrás, talvez 10. Ela é corajosa e sonhadora. Ela tem muito tempo pela frente e sabe disso. Seus valores, seus sonhos e o tempo a protegem. Eu também tenho muito tempo, mas ninguém me protege.
Freqüento um centro espírita para encontrar paz, vou começar um trabalho voluntário domingo para sentir-me útil. Faço análise para descobrir alguma coisa que ainda não sei. Hoje foi a minha segunda sessão. Falei de violência o tempo inteiro, tudo que eu lembro é brusco, é de rompante. É uma antítese de mim, tão frágil, tão lenta.
Vou na academia no final da tarde, gosto do movimento. Quero continuar a sentir-me bonita porque as mocinhas são bonitas e seus finais são felizes, estáveis e protegidos nos castelos para sempre.
Hoje não fui na academia porque tirei o siso. Ao em vez disso fiquei em casa e briguei com meu pai. Acho que foi por território. Acho que foi porque não tenho casa, não tenho dinheiro e me sinto dramática. A dor me deixa mais dramática ainda.
Todas as noites rezo antes de dormir, não sei se Deus me escuta. Quando sonho anoto em um caderno para ver se tenho alguma pista. Quando rezo eu peço alguma pista. Amanhã é e sempre será outro dia. Ou mais um dia.

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