quinta-feira, 14 de julho de 2011

Sábado

Acordei com as sensações misturadas. Percebi que respirava sem dificuldades, talvez pelo efeito do naldecon noite. O ar entrando e saindo dos meus pulmões me trouxe um delicioso bem estar, a posição era perfeita e a cama grande e quente, como se a temperatura houvesse sido regulada para harmonizar com o meu corpo. O ar transitando livremente foi embalando um sono leve e descomprometido...

De repente senti culpa. Uma culpa específica, localizada, direcionada. O arrependimento era sólido e formava uma barreira impedindo o caminho natural do ar, que me faltou. Senti uma pontada no peito, uma gastura do estômago e um incomodo mal definido. Chequei a minha posição na cama e não havia nenhum desconforto que eu pudesse corrigir.

Os pensamentos estavam soltos e não eram democráticos, eram esquerdistas e me acusavam de conspirar contra minha própria independência. Eu os odiei por me julgarem daquela forma banal e sem conhecimento de causa. Mas eu não precisava me preocupar naquela hora, o edredom me protegia e o sono me embalava consolador, o ar que entrava e saía de dentro de mim levava aqueles pensamentos intrusos embora e trazia um novo sono guardado por um tempo abundante e não contado...

Os sonhos eram de esperança e me compensavam anunciando tempos alegres. Às vezes o barulho dos carros e o latido das cachorras me despertavam e eu oscilava entre as duas realidades. Em ambas eu respirava tranquila e me sentia cuidada pelos pensamentos que enfim se filiaram ao meu partido, justamente.

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